sábado, 16 de março de 2013

Soneto de Camões

Como nunca é demais recordar grandes poetas aqui fica a poesia de Camões para lêr no fim-de semana:

Pede-me um desejo, Dama, que vos veja,
nao entende o que pede; está enganado.
É este amor tão fino e tão delgado,
que quem o tem não sabe o que deseja.
 
Não há cousa a qual natural seja
que não queira perpétuo seu estado;
não quer logo o desejo o desejado,
porque não falte nunca onde sobeja
 
Mas este puro afeito em mim se dana;
que, como a grave pedra tem por arte
o centro desejar da natureza,
 
assi o pensamento (pola parte
que vai tomar de mim, terrestre [e] humana)
foi, Senhora, pedir esta baixeza.


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